terça-feira, 30 de agosto de 2011

Carta de Redimissão

imagem de acervo pessoal

Amor, não me culpe pelos diversos amores que confesso em meus versos.
Os amores não são meus.
São amores de todo o mundo,
Amores profundos, tão profundos, que nunca sequer foram declarados a pessoa amada.
São amores que eu peguei emprestado
e jamais vou devolver 
porque aqui ficarão eternizados.
Entenda que o nosso amor não foi feito para ficar guardado,
foi feito para se viver.

NÃO TeM JEiTo
nÃO NasCI PArA O MAIS OU mENoS
tEnHO PrAZO DE VaLiDADE PaRA DIAS AmENOS.
nÃO CONSIGO viVER SEM APUROS
vIVO COM O SEU nÚMeRO NO GATIlho
nÃO CONsIGO VIVER SEgURO...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Capim Guiné - Raul Seixas / Wilson Aragão


O autor da música Capim Guiné revela o verdadeiro sentido desta música interpretada pelo Raul Seixas.


Plantei um sítio
No sertão de Piritiba
Dois pés de guataiba
Caju, manga e cajá

Peguei na enxada
Como pega um catingueiro
Fiz acero, botei fogo
"Vá ver como é que tá"

Tem abacate, jenipapo
E bananeira
Milho verde, macaxeira
Como diz no Ceará

Cebola, coentro
Andu, feijão-de-corda
Vinte porco na engorda
Até o gado no currá

Com muita raça
Fiz tudo aqui sozinho
Nem um pé de passarinho
Veio a terra semeá

Agora veja
Cumpadi, a safadeza
Cumeçô a marvadeza
Todo bicho vem prá cá

Num planto capim-guiné
Pra boi abaná rabo
Eu tô virado no diabo
Eu tô retado cum você

Tá vendo tudo
E fica aí parado
Cum cara de viado
Que viu caxinguelê

Suçuarana só fez perversidade
Pardal foi pra cidade
Piruá minha saqüé
Qüé! Qüé!

Dona raposa
Só vive na mardade
Me faça a caridade
Se vire e dê no pé

Sagüi trepado
No pé da goiabeira
Sariguê na macaxeira
Tem inté tamanduá...

Minhas galinha
Já num fica mais parada
E o galo de madrugada
Tem medo de cantá

(Refrão)



Rota Alternativa

Quero poder rastrear pensamentos e definir minha rota alternativa, 
quero saltar de verso em verso.
Há tantas pessoas interessantes que me doariam um pouco de mais vida!
As tardes de outono são minhas preferidas; me trazem um cheiro que não é de ninguém, pertence só àquelas tardes de céu azul e vento frio, às vezes cinza fingindo que chove...
Mas demoro muito a desaguar em palavras, é tão difícil se livrar da teia de censuras que nós mesmos tecemos!
E me pergunto se sou hoje ou se sou ontem.
Sinto que sou pra sempre
e não recuso o passageiro, 
porque saltando de verso em verso é que transcendo...


Antigas

É quando a roda para que vem a náusea


Eu queimo as revistas e mesmo assim me perseguem os anúncios;
Produtos pra queimar a gordurinha que não vejo na modelo que o anuncia.
Eu prefiro a ferida a tal remédio!
Prefiro a dor ao tédio,
A engolir a seco o sapos cururus e as gias do brejo do vizinho.
Lá tem lugar de sobra. No meu, as vacas pastam.
E sempre sobram sapos que não são meus pra empurrar goela abaixo.
Prefiro a tese, oras, a contradição, pois até a pluma leve às vezes toca ao chão.
Que a terra se exploda em cacos! [mesmo assim haverá vida nos estilhaços].
Quero encontrar vestígios de vida num copo quebrado com o meu grito de euforia ou desabafo!
Quero ir até o fundo!
E ver minha cara nas poças da avenida.
Quero ir até o fundo!
Mas no fundo, não há fundo se a xícara está vazia!








Quando o amor chegar, feche os olhos e deixe que o corpo fale
o que a alma já sabe e a razão desconhece.
Pois o amor nunca mostra a face,
abre os braços e espera que alguém o abrace.
Confesso que hoje descobri a poesia que habita em ti
e agora é tarde,
me reconheço em teus continentes.









As feições estão guardadas aonde a consciência não se cala diante das aflições. Todos os suspiros que nos roubam muito mais além do ar, cada segundo que deixei de crer na capacidade de amar, os vultos de Maria levantando poeira sobre a terra ausente de chuva. O pó de café, do legítimo grão de café, me arrancam diversas lembranças das manhãs de Maria. A mesa vazia. A cidade ainda dormia. O apito do amolador de facas; ele também levantara cedo, "- quando a vida não nos acha é preciso correr atrás da vida"- sua mãe lhe dizia. E assim sua fé se renovava, e a cada dia havia uma nova chance de encontrar felicidade naquela cara pálida de Maria.








Antigas parte 2

Rasguei folha por folha dos meus
antigos versos.
Alguns já não são belos,
outros, são gotas cristalinas correndo o guarda-chuva.
Às vezes fica aquele sentimento de culpa,
uma melancolia de não ter provado
o gosto da tempestade.
Quando o céu me oferecia mais
além da chuva
Tudo o que eu me permiti foi apenas essa vontade
Saudade...



Ninfeta de Novos seios

Plumas ao vento
confundem o nevoeiro,
eu aqui, a me perder em brumas.

A mesma janela
e outro beija-flor a voar,
observo e espero,
com a esperança de quem não espera
você voltar.

Folhas nunca permanecem em branco,
palavras não dão lugar ao pranto,
águas da última chuva.

Gotas de orvalho da manhã passada,
ainda cintilam a pele alva,
revelam segredos da criança manhã
e o coração não obedece às palavras.

Ninfeta de novos seios,
eu aqui,
a admirar espelhos.





O paraíso pertence aos dementes
bye,bye my heaven.
São todos loucos!
xenófobos de si mesmos.
Tolos! tão tolos
que não aguentam suas próprias companhias.
Já eu,
falo sozinha,
rio das tolices minhas.
E quando me olho muito no espelho,
me estranho,
me gosto
choro,
me odeio,
me beijo,
me vejo,
revejo,
me reconheço.





imagem tirada da internet

Era muito mais que um sim,
era a negação da força extrema que há no abismo entre o sim e o não.
Era muito o que queria de mim.
E a vontade quebrava meu ser em várias partes ,
espalhavam-se em quarto e sala,

impregnavam-se nas entrelinhas,
o resto se escondia no porão.







O coração acelerado,
O corpo leve,leve embora o que esqueci
O quarto bagunçado
oh Deus, o inferno é aqui!

Neguem os céus aos santos
raios partam carros e casas
não ouçam prantos
não alcancem graças.

Rasguem as roupas,
livrem-se do calvário
enganem os trouxas,
ensinem o pai-nosso ao vigário.

Foda-se a dívida!
Se a dúvida existe,
a verdade é uma grande mentira
triste quem acredita, triste.




Amor, lhe trago novidade,
era tanta a saudade, não pude conter
sei que os olhares já não contemplam a mesma paisagem,
mas nem assim me fez esquecer.
Provei de frios quadris,
movidos por nada além de um porre,
daqueles que persistem até o último gole,
e logo, a realidade por um triz:
tuas mãos são mais fortes!
Amor, criastes uma louca,
e consciência disso tens tão pouca!